Capitulo 4
Recuso ser dominado. De um ápice levanto-me da cama. Liberto-me daquela prisão. Descalço, caminho pelo chão frio como o vazio que se apropriava do meu ser, naquele acordar entorpecido. E dirijo-me para a casa de banho. Lá fora a chuva e o vento estão cada vez mais fortes… estarão furiosos? Quererão avisar-me de algo?! Tenho medo… Um arrepio. Sinto! Mas… avanço sem recuos. Abro a porta e vejo-te. Ali. O meu amor. Ali. Estendida no chão. Sangue… Sem vida. Sem uma ponta de luz a escorrer pelas veias do teu corpo. Meu coração pára. Aterrorizado. Grito num silêncio ensurdecedor que só oiço em mim. Choro. Morro!!! Ajoelho-me a teu lado e abraço-te. Todo o meu corpo, e roupa unem-se ao teu sangue. Meu Deus… o sangue do nosso filho! Porquê! Perdi-os…Para sempre, porquê?
Quero fugir, acompanhar-te… prender-te a mim. Mas não posso ir… o culpado. Tenho de descobrir. Não pode sair impune. Quem matou a razão do meu viver? Levanto-me e noto os sinais de luta pela casa toda. A porta não parecia ter sinais de ter sido arrombada. Nenhuma janela partida. E volto. Ao teu lado. Reparo que numa das mãos tens uma fotografia minha e na outra… um pedaço de tecido. E… Silêncio. O meu pijama! Meu Deus! Não pode… Não! Nããooooo… eu? Não pode ser… Eu não. Levanto-me e ao espelho vejo marcas de dedos, arranhões… Mas.. o que aconteceu? O que fiz eu? O que fiz… Recuso-me a acreditar. Amo-te. Sempre amei. Não te tirei a vida. Jamais… nunca!
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