Capitulo 6
Abro a porta. Caminho pela a rua, com ela. Minha ultima companheira de vida. A corda. À volta as pessoas na sua vidinha insignificante e banal, não se apercebem de que passa por elas alguém que se vai entregar à morte. Olham-me sem me ver. Pela ultima vez. E em mim sinto o último fôlego a chegar. A última esperança. Acabou. Desisti de mim. Vou partir sem regresso. Desisto.
Ao longe avisto um campo, e minuciosamente escolho a árvore assassina do meu eu. Mas já não o tenho. O meu eu. Perdi-o… ao perder-te. Morreu… ao ver-te. Morta.
Estou junto à cúmplice do meu acto cobarde. Lentamente, ato a corda ao ramo mais vigoroso. Já não penso em mais nada. Não equaciono outro desfecho. Morte. Fuga. Partir para lugar incerto. Para te encontrar. Saber o porquê! Perdão, pedir. O porquê. Choro. Pela ultima vez. Imploro por uma última réstia de esperança de tentar resistir e viver… mas já não me oiço.
O ar começa a faltar, mesmo antes de ter a corda ao pescoço. Começo a suar. Terei coragem? Será coragem precisa? Frieza? Indiferença? Pensar sem pensar, morrer por morrer. Naqueles olhos que antes viviam apaixonados, embrenhados pelo calor do amor e da tua paixão, agora só resta… os olhos. Tudo o resto é uma sombra pálida daquele sentimento outrora vivido e sentido, e agora carrego uma nuvem negra repleta de ódio de mim próprio. Matei-te! Eu! Sim, tu mataste. Eu… Cobarde. Assassino.
A corda já está atada. O nó, para o pescoço já esta feito. Subo pelo tronco ao cimo do ramo da árvore. Estou preparado para a Morte.
Olho sem olhar o espaço que me rodeia, tudo o que perderei… mas não tem mais sentido. Não posso partilhar contigo. Minha culpa! Choro. Matei-te. Eu. Assassino. Amo-te… Não tem sentido viver sem ti.
Coloco a corda ao pescoço e preparo-me para saltar. As mãos agarradas ao tronco, parecem querer terminar aquele momento rapidamente e tentam desprender-se. Peço a Deus que me receba, e peço a ti, perdão pelos meus actos, e….
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