segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fragmentos de uma alma atormentada - 7

Capitulo 7
Naquele momento em que me projecto de encontro à morte, um “flash” de toda minha a minha vida passa-me diante dos olhos. Vejo-me. Bebé. Minha mãe. Morta. Um condutor bêbado, morta estupidamente. Por um bêbado… tão bêbado quanto o pai que me abandonou e à minha mãe… que eu perdi. Que eu amava. E ainda amo. Sempre. Vou já ter contigo mãe. Chamo-te…Desculpa-me. É muito cedo, eu sei mãe. Desculpa.

Nosso primeiro beijo meu amor. Relembro. Nossa primeira noite… Saudades dos teus lábios, teu corpo, teu coração puro. E… vejo… mas… será? Não! Tu? Ele? Não! Ele, não… é meu amigo. O melhor. Não! Porquê? Vejo com mais limpidez aquela incerteza que antes varria o meu pensamento…

A noite. A porta a abrir. Barulhos no quarto. Tu, ele…nus. Traição. Dor. Incredulidade. Choras. Ele fala, não oiço nada. Só peço para ele sair. Tu choras. Pedes perdão… Ele ia a sair ainda meio vestido. E eu com a jarra que esta em cima do móvel parto lhe a cabeça. Ele jaz inanimado. Choras mais ainda. O que lhe fizeste. Dizes. Não oiço. Levo-o para a despensa e parto lhe o pescoço. Friamente. Cruelmente. Volto para o quarto, sento-me do teu lado. Tu continuas a chorar, agarrada a uma foto. De quando ainda me amavas. Não oiço o teu choro. Tanto te amei. Não merecia. Nunca… Jamais. Tu. Ele. Como aconteceu isto. Matei-o já… Dizes que vais a casa de banho lavar a cara. Deixo. Sigo-te. Olhas-te ao espelho. Pela última vez. Aperto teu pescoço, tentas resistir. Ainda partes um frasco de perfume e tentas parar-me. Mas tiro-te das mãos e espeto-te como tu cravaste o meu coração. Friamente. Cruelmente. E…

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